Brasil: respostas e resistências no meio da crise

27 Maio 2019

A cada ano, a equipe de Apoios de Resposta Rápida escolhe e visita um país da Região para se aproximar do movimento feminista e de mulheres, conversar pessoalmente com ativistas-defensoras sobre os desafios em seu trabalho, bem como compartilhar as experiências do FAU e seu modelo único de financiamento.

Em 2019, com a vontade política de responder melhor à crise sociopolítica no Brasil, diante de um novo governo fundamentalista e de direita, conversamos com mais de 70 mulheres defensoras em São Paulo e no Rio de Janeiro durante o mês de fevereiro.

Com essa visita de reconhecimento ou outreach pudemos conhecer os problemas enfrentados por ativistas e defensoras em meio ao atual panorama político e, coletivamente, aprofundamos questões que são fundamentais para elas, como: racismo estrutural, criminalização, violência e discriminação estatal; diversidade sexual, direitos sexuais e (não) reprodutivos ativismo digital e feminismos online; e movimentos de defesa do território e do meio ambiente.

Em cada reunião, a afetação emocional e física das defensoras era evidente neste momento político, mas muitos relatos nos confirmam como uma estratégia eficaz trabalhar o CUIDADO como uma questão vital. Questionar práticas nocivas em exercícios ativistas e enfocar o cuidado pessoal e coletivo nas resistências transformou e fortaleceu os movimentos. Hoje manter a vida é uma necessidade e gerar conscientização sobre a importância de cuidar de nós mesmas se faz urgente.

Vivemos e sentimos durante esta visita como o assassinato de Marielle foi um forte golpe para o movimento e acelerou os colapsos emocionais e de saúde que vinham se formando nos corpos das defensoras e ativistas. Embora seja importante ressaltar que sua memória esteve sempre presente nas conversas que tivemos, a partir da força da esperança e da certeza de que sua luta é uma semente multiplicada no movimento feminista, porque seu poder é sentido nos corpos e corações das mulheres brasileiras que continuam lutando pela garantia dos seus direitos.

Nossa visita foi definida pelas ativistas em diferentes ocasiões como "um espaço de segurança no qual percebemos que somos milhares e precisamos estar juntas", mas a gratidão é sobretudo nossa. Queremos honrar cada conversa que tivemos no Brasil, apoiar efetivamente as mulheres e suas organizações e confirmar nossa solidariedade em meio a esse panorama de violência e repressão.

Continuaremos trabalhando juntas!


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